quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mesa de bar


Quarta alguém me disse para estar lá, e chegar às nove, pra guardar lugar. Eu cheguei às dez porque odeio esperar, e sentamos todos numa mesa escondida no canto onde os garçons pareciam não enxergar e nem ouvir os gritos. A mesa era pequena, mas cabia todo mundo, os que bebiam, os que comiam e os que não queriam estar lá.

Alguém fala da faculdade, um tosse, outro olha as mesas em volta, e mais um conta algo engraçado que lhe aconteceu ontem voltando pra casa. Todos riem, até os que não acham graça.

A comida passa, a bebida vem, o frio chega, a conversa continua, a bebida desce, as risadas saem e a comida sempre passa. Alguém lembrou de trazer casaco e outro sente frio, assim como alguém pensa em ir embora e outro pede mais uma pra esquentar.

Era quarta ou já quinta, isso sempre me confundiu, porque pra mim só é outro dia quando eu acordo. Mas era tarde, frio, e ninguém parecia se importar. Foi uma noite só ou várias? Pareciam três, quatro anos ligados em noites que foram ontem, todas elas. E que acabaram só pra continuar amanhã, ou depois, porque amanhã se tem que acordar cedo, se tem prova, se tem preguiça, se tem sono, mas se tem amigos.

A bebida entra (pra sair mais tarde), a comida foi mais rápido do que veio, a conversa vai, e vem, e nunca se vai de vez, e a conta demora aquela eternidade que não se percebe. Quem levanta, quem paga (e quem nunca paga), quem tem dinheiro, quem tem tempo e quem tem carro pra voltar.

Todo mundo sai e espera, e diz alto sem dizer, o que todo mundo concorda sem falar:

- Amanhã tem mais pizza.

E vão todos dormir, cheios e felizes, e outros que não lembram de uma parte da noite.

2 comentários:

C disse...

Da próxima vez convida. Eu não recuso um bar :P

Falando em bar, lembro de uma pérola da MPB:

Quando eu saí do sanatório,
era pleno mês de agosto.
E pra aumentar o meu desgosto,
ela com outro me traiu.
Resolvi, fui ao cinema.
Quando entrei no mictório,
um negão olhou pra mim e disse:
- Good night, my life!
Não sei o que vou fazer...

Sentei na mesa de um bar,
comecei a meditar, procurando a solução
pro futuro da Nação e o Imposto Predial.
Rebolei as suas cartas no aparelho sanitário,
Gastei todo numerário com perfume e soda cáustica.

Resolvi sair de casa,
comprei um chapéu de couro,
Joguei no bicho, deu touro.
Não sei o que vou fazer...

C disse...

Adivinha de quem é. Não vale pedir ajuda ao google!